A cogeração a partir do gás natural pode ser impulsionada nos próximos anos, representando oportunidade de negócios para o segmento. A avaliação é da Associação da Indústria de Cogeração de Energia, que vê um mercado potencial de 3.400 MW, sendo 700 MW para o setor de comércio e serviços, e 2.700 MW para a indústria. Segundo o vice Presidente Executivo da Cogen, Carlos Roberto Silvestrin, vários são os fatores que darão base à essa expansão, abrindo boas perspectivas para um setor que, junto com a biomassa, pode representar um potencial de investimentos estimado inicialmente em US$ 40 bilhões até 2018.
A cogeração a gás natural, detalha o executivo, tem chances de ganhar espaço por conta da elevação dos preços de energia elétrica – com o aumento do despacho térmico, que impacta nos Encargos de Serviço do Sistema e com a elevação dos custos da energia de Itaipu, entre outros pontos. Também pode influir positivamente para o setor o aumento da elevação da oferta de gás, sobretudo na Bacia de Santos, que pode passar de 600 mil metros cúbicos diários para 22,2 milhões de metros cúbicos por dia.
A elevação dos preços do óleo combustível, em torno de 12%, a queda dos preços do gás natural, devido à redução dos preços do petróleo, a formação de um mercado livre de gás natural a partir de 2011, e a possibilidade de negociação de créditos de carbono – diante da possibilidade de compensar emissões – abrem uma janela de oportunidades para empreendedores dispostos a utilizar a cogeração a gás natural, acrescenta.
Para Silvestrin, a associação entre gás natural e fornecimento pela Bolívia também deixará de existir, diante da possibilidade de aumento da oferta do combustível, ajudando a eliminar a dependência do combustível pelo Brasil. “O Sudeste passará a ser exportador de gás natural para o Nordeste”, destacou o executivo. O gás natural será um dos temas do II Fórum Cogen/CanalEnergia – Expansão da Cogeração na Matriz Elétrica Brasileira, que será realizado no próximo no dia 18 de junho, em São Paulo.
Outro fato que sinaliza o aumento da oferta do gás natural, aponta, está no avanço para a construção de um túnel de cinco quilômetros em Caraguatatuba (SP), que levará o gás para o gasoduto Caraguatatuba-Taubaté (Gastau), com vazão máxima de 20 milhões de metros cúbicos por dia. A obra poderá permitir a exploração comercial do campo de Mexilhão em 2010.
Autoprodução – Os dados do Plano Decenal de Expansão da Energia 2008-2017, da Empresa de Pesquisa Energética, apontam para aumento da autoprodução no país, num montante que equivale à capacidade instalada da hidrelétrica de Itaipu, que tem 14 mil MW. Considerando as vantagens da geração distribuída, empreendimentos a biomassa e a gás natural tendem a ganhar mais espaço, avalia Silvestrin.
A Cogen identificou potencial de projetos de cogeração com potência entre 500 kW e 1 MW. “Há 72 projetos em andamento em São Paulo”, afirma. Além disso, existem estudos em andamento para a instalação de usinas com capacidade de até 100 MW, de unidades industriais.
No caso da biomassa, o executivo avalia que atualmente a fonte energética já está com potencial identificado e com condições de participar de todos os leilões de energia, como A-3 e de energia existente. Inicialmente, avalia, há projeções que indicam participação de 300 MW de usinas a biomassa no próximo leilão A-3, previsto para o dia 27 de agosto. Na visão de Silvestrin, leilões específicos ainda são importantes, como forma de permitir o desenvolvimento de um número maior de projetos.
A biomassa firmou-se no mercado a partir das condições para a formação de mercado proporcionadas pelas medidas da área energética do governo, como os leilões de energia alternativa (2007), de reserva (2008) e a criação da figura das Instalações Compartilhadas de Geração (ICGs), inicialmente para os estados de Mato Grosso e Goiás. Há ainda espaço para instalação de ICGs em Minas Gerais, que já tem parecer favorável pela EPE.
Para um próximo ciclo de de mercado, segundo com Silvestrin, projeções indicam potencial de oferta de 20 mil MW de energia a biomassa, sendo metade localizada no estado de São Paulo, por conta da redução gradativa até a eliminação de uso do fogo na colheita, permitindo o uso da palha na geração de eletricidade.
E uma nova onda de investidores está sendo percebida no setor de biomassa, comenta. Depois da entrada de fundos de investimento e e tradings no setor, os novos players no mercado de biocombustíveis, com reflexo para a cogeração está nas empresas de petróleo. “BP e Shell já estão em busca desse mercado de biocombustíveis”, comentou. As inscrições para o II Fórum Cogen/CanalEnergia – Expansão da Cogeração na Matriz Elétrica Brasileira estão abertas e podem ser feitas através do site http://www.ctee.com.br/forumcogen/index.asp.
Serviço
Evento: II Fórum Cogen/CanalEnergia – Expansão da Cogeração na Matriz Elétrica Brasileira
Data: 18 de junho
Local: Hotel Blue Tree Towers Morumbi – São Paulo
Inscrições: http://www.ctee.com.br/forumcogen/index.asp