As distribuidoras de gás canalizado do Nordeste planejam investir R$ 1,5 bilhão ao longo dos próximos cinco anos e devem captar cerca de 200 mil novos clientes entre 2020 e 2024. A informação consta de estudo apresentado ontem pelo presidente da Companhia de Gás do Ceará, Hugo Figueirêdo, e pelo presidente da Algás, Arnóbio Cavalcanti, durante o Fórum Maranhense de Distribuição de Gás Natural, no Palácio Henrique de La Rocque, em São Luis, Maranhão.
No evento, Figueirêdo apresentou quatro propostas para ampliar o mercado de gás natural no painel “Agenda de políticas regionais para o uso do gás natural como vetor de desenvolvimento do Nordeste”. Figueirêdo coordenou a reunião das distribuidoras do Nordeste, que ocorreu ontem e hoje em São Luís, onde fez uma apresentação sobre os investimentos das distribuidoras nos próximos cinco anos.
Segundo Figueirêdo, as propostas foram elaboradas após uma ampla discussão entre as distribuidoras, apresentadas no ano passado no consórcio dos governadores do Nordeste e visam otimizar a oferta de gás na região, de forma a dar consistência para essa matriz energética e criar oportunidades para que investidores de outros segmentos da economia venham para a região.
A primeira proposta apresentada foi a criação de corredores azuis que possam garantir a autonomia de rodagem com Gás Natural em todos os Estados do Nordeste. Os corredores interligariam, inicialmente, São Luis (MA) a Mucuri (BA), por meio das BRs 101, 304, 116, 222, 343, 316 e 135, e Fortaleza (CE) a Vitória da Conquista (BA).
As distribuidoras entendem que os corredores vão permitir autonomia rodoviária dos caminhões à GNV nas principais estradas federais e estaduais que cruzam o Nordeste, ajudarão a desenvolver a cultura do GNV considerando sua competitividade e seu apelo ambiental e melhorarão o balanço comercial de combustíveis rodoviários, uma vez que 21% do diesel consumido no Brasil é importado e que apenas 2,5% do GN é utilizado em transporte.
A extração esperada de gás natural nos recentemente descobertos seis campos da bacia Sergipe-Alagoas é de 20 milhões m³/dia, o que pode representar em torno de 1/3 da produção atual do país e responder por todo o atual consumo no Nordeste. Esse dado fundamenta a segunda proposta apresentada, que consiste na ampliação dos mecanismos de transporte e distribuição de gás natural na região.
Neste sentido, as distribuidoras defendem a criação de um gasoduto de transporte TMN Pecém/CE – Teresina – São Luís, integrando os estados do Piauí e Maranhão à rede nacional de transporte de gás natural, cerca de 800km em linha reta. Defendeu ainda a duplicação do duto Catu-Atalaia, para possibilitar o escoamento das bacias de Sergipe e Alagoas, e a expansão da malha de transporte da região Nordeste, visando interligação futura à malha da região Centro-Oeste e Norte. A ampliação seria complementada com a criação de novos Pontos de Entrega nos gasodutos existentes e no aumento da capacidade dos atuais Pontos de Entrega – RN-CE (Aracati/CE) e PB-RN (Santa Rita/PB).
Interiorizar o gás natural pelo Nordeste através da interligação das redes de distribuição atuais e projetadas e, quando inviável a construção de dutos, com o uso pequenas plantas de GNL foi a terceira proposta apresentada por Figueirêdo. Segundo ele, as interconexões entre as redes de distribuição atuais e projetadas das distribuidoras permitirão a maior interiorização do gás natural pelo Nordeste.
Na prática, por exemplo, as interconexões entre os Estados permitiriam que o gás natural chegasse ao interior do Nordeste por ligações entre Juazeiro (BA) – Petrolina (PE), Crato (CE) – Exu (PE), São José da Coroa Grande (PE) – Maragogi (AL), Goiana (PE) – Caaporã (PB), Campina Grande (PB) – Caicó(RN), Propriá (SE) – Penedo (AL), Indiaroba (SE) – Jandaíra (BA), Simão Dias (SE) – Paripiranga (BA).
Por fim, o estudo feito pelas distribuidoras defende que os Estados realizem um mapeamento das fontes potenciais de produção de biogás, o Gás Natural Renovável (GNR). Estudos preliminares revelam que há um enorme potencial não explorado na região, a exemplo de Salvador e Feira de Santana (BA), Jaboatão dos Guararapes (PE), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Natal (RN), Teresina (PI), Juazeiro do Norte, Limoeiro do Norte e Sobral (CE).
Atualmente, o Ceará, por meio da CEGÁS, tem uma das maiores participações de GNR no volume de gás distribuido no mundo, com cerca de 13%. Em países desenvolvidos como a França e o Japão, este índice é inferior a 5%. Na Suécia, o percentual é de 12%.
Figueirêdo destacou também que o uso do gás natural renovável pela CEGÁS revelou-se como uma experiência competitiva e sustentável, com impactos positivos em toda a cadeia produtiva do gás natural. “Ampliamos a segurança de suprimento e competitividade no preço, pelo aumento no número de fornecedores de Gás Natural”, disse Figueirêdo.
Promovido pelo Governo do Estado do Maranhão, por meio da Companhia Maranhense de Gás (GASMAR), em parceria com a EMAP/Porto do Itaqui e Golar Power, o Fórum Maranhense de Distribuição de Gás Natural reuniu autoridades, representantes da sociedade civil, empresas e órgãos envolvidos com a exploração deste produto.
O evento teve palestras de Hélio Bisaggio, Superintendente de Infraestrutura e Movimentação da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Gustavo Labanca Novo, presidente da TAG, e do diretor de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), José Mauro Ferreira Coelho.
O encontro das distribuidoras de gás do Nordeste contou com as seguintes presenças: Augusto Salomon, presidente da Abegás, André Campos, diretor presidente da Copergás, Fabrício Bomtempo, diretor Técnico Comercial da Copergás, Deoclides Macêdo, diretor presidente da Gasmar, ,Valmor Barbosa Bezerra, diretor Presidente da Sergás, e de Larissa Dantas Gentile, Diretora Presidente da Companhia Potiguar de Gás (Potigás).
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