As descobertas recentes de jazidas de petróleo na região Pré-sal trouxeram novas perspectivas quanto à produção e mercado do GN no país – tema central do 6º Congresso Gas Summit Latin America 2009, realizado entre os dias 26 e 27 de maio, em São Paulo.
O Gás Natural (GN) é obtido nas mesmas jazidas onde o petróleo é prospectado. Assim como os combustíveis fósseis é uma mistura de hidrocarbonetos originados da decomposição de matéria orgânica ao longo de milhões de anos, composto principalmente por metano quando em estado bruto.
O poder energético do GN chega a ser mais eficiente do que dos combustíveis líquidos. No entanto, os custos para transporte acabam sendo tão elevados quanto do óleo, pois o produto passa pelo processo de liquefação – se tornando Gás Natural Liquefeito (GNL).
A queima de GN apresenta baixos índices de emissão de poluentes, se comparada a de outros combustíveis fósseis. Em relação ao óleo combustível, o produto tem se mostrado cada vez mais competitivo respondendo a demanda dos setores industrial, de transporte (na forma de Gás Natural Veicular/ GNV) e geração de energia elétrica.
A diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, declarou que “as notícias” quanto ao Pré-sal são positivas, mas preferiu não citar números de volumes. Já o sócio-diretor da assessoria Gas Energy, Marco Tavares, acredita que os campos Tupi, Iara e Júpiter têm potencial conjunto de 100 milhões de metros cúbicos diários (Mm3/dia), volume previsto para ser prospectado entre os anos de 2015 e 2018.
As reservas provadas no Brasil, não considerando as recentes descobertas do mega-campo, giram em torno de 230 bilhões de m3. Cerca de 48% localizadas no estado do Rio de Janeiro, 20% no Amazonas, 9,6% na Bahia e 8% no Rio Grande do Norte.
Investimentos
A Petrobras tem planos de investir, até 2012, cerca de US$ 18,2 bilhões na cadeia de gás natural, o objetivo será aumentar a oferta dos atuais 23 Mm3/dia para 72,9 Mm3/dia.
Os volumes obtidos do Pré-sal deverão entrar em cena somente a partir de 2017, nas “previsões mais conservadoras”, ressaltou Foster. Atualmente o Brasil oferta 41 Mm3/dia, considerando as prospecções brasileiras, mais as fontes importadas, sobretudo, da Bolívia. Em 2008 a oferta foi de 58 Mm3/dia, já a demanda prevista para 2017, é de 150 Mm3/dia.
Desde o segundo semestre de 2008, a companhia importa GNL – o formato mais denso dessa fonte energética. A diferença do GNL para o GN, é que o primeiro, comprimido e transformado em líquido, é mais fácil de transportar, por exigir menor espaço para acomodação.
Depois de entregue, o GNL pode ser revertido em GN e utilizado para fins comerciais e industriais. Os carregamentos de GNL permitem, dessa forma, flexibilizar o atendimento das termelétricas.
A Petrobras injeta a fonte combustível na malha de gasodutos em dois terminais de regaseificação localizados na Baía de Guanabara (Rio de Janeiro), com capacidade para regaseificar 14 Mm3/dia, e em Pecém (Ceará), capacitado para trabalhar com até 7 Mm3/dia – as estocagens e regaseificação são feitas a bordo de duas embarcações – Golar Winter e Golar Spirit.
Mercado
Em 2007 o GN respondia por 9,2% do consumo brasileiro. Em 2008 a importância subiu para 10,2%. O desempenho da fonte também cresce no setor de energia elétrica, em 2004 a participação do GN nesse mercado era de 4%, em 2008 passou a atender 6% da demanda.
A crise econômica mundial e o período de chuvas favoreceram para que nos últimos meses de 2008, e início de 2009, ocorressem retrações de consumo.