Lei do gás já tem proposta de regras
O Ministério de Minas e Energia (MME) enviou na quinta-feira uma proposta de minuta do decreto de regulamentação da lei do gás para ser avaliada pelas associações e entidades do setor, e também pela Petrobras. A diretora de gás e energia da empresa, Graça Foster, deixou ontem, durante seminário realizado em São Paulo, um recado para o setor privado: “Aceitei fazer um acordo com o setor para aprovar a lei do gás, mas o decreto vai ser briga pesada, pesada, pesada”.
As associações do setor ainda estão avaliando o projeto e devem se reunir hoje para discutir alguns pontos. Mas alguns executivos ligados a essas entidades dizem que pelos termos da proposta, a Petrobras já teve uma forte influência no texto do Ministério de Minas a Energia. Os 70 artigos da proposta de minuta do decreto repetem exaustivamente grande parte do texto da lei, mas algumas mudanças podem ainda ser notadas.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) sai fortalecida e terá papel fundamental para licitar ou autorizar o uso de gasodutos, prorrogar prazos etc. A novidade da regulamentação é que também foi dado um papel importante para a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que vai desenvolver estudos para a expansão da malha dutoviária do país.
Segundo o texto da proposta, a EPE poderá ainda auxiliar a ANP na determinação da tarifa máxima a ser auferida pelos donos dos gasodutos e ainda no redimensionamento do processo interativo.
Para a Petrobras, ficou assegurada a exclusividade dos usos de seus dutos que já foram construídos, estão em construção ou com licença ambiental em andamento até a data da publicação da lei, 4 de março de 2009, por dez anos. Além disso, a concessão vencerá em 30 anos e pode ser prorrogada por igual período.
Para os novos projetos, o texto da minuta diz que o período de exclusividade dos novos gasodutos não poderá superar dez anos. O que significa que o prazo poderá ser inferior. No caso de expansão dos gasodutos, a previsão é que também não exista um período de exclusividade.
Uma proposta também é que o transportador dono do gasoduto a ser ampliado tenha direito de preferência na licitação da expansão. O governo pareceu preocupado também em definir regras para o período de fim da concessão, onde ocorrerá uma nova licitação. Os critérios de seleção da proposta vencedora poderão ser: maior pagamento pelo uso do bem público, menor receita anual requerida ou ainda a combinação dos dois critérios.
O texto da minuta prevê ainda que o processo de licitação poderá ser iniciado até 24 meses antes do término do período da concessão, para garantir a continuidade os serviços prestados.
A minuta, a qual o Valor teve acesso, propõe ainda a regulamentação da troca operacional de gás natural (SWAP), que é um tema de interesse da Petrobras. Diz o documento que as tarifas a serem pagas pelos carregadores que solicitarem a troca deverão ser aquelas estabelecidas pela ANP para os carregadores no fluxo regular.
O diretor de gás do ministério, Marco Antônio Almeida, participou ontem de evento em São Paulo, o Gas Summit 2009, mas não quis dar nenhum detalhe da minuta e frisou que essa é apenas ainda uma proposta, que o próximo passo agora é ouvir, separadamente, todos os interessados no assunto para fazer melhoras nos textos. Ele disse ainda que a regulamentação não deve ficar pronta no prazo de 90 dias a partir da publicação da lei, que terminaria dia 4 de junho, e que era a expectativa original do governo.